quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Falando em Arte... Carnaval


Embora os estudiosos afirmem que o carnaval tenha origem há aproximadamente dez mil anos antes de Cristo, quando homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar os demônios da má colheita, é a partir da implantação da Quaresma pela Igreja Católica, no século XI, que ele assume um formato próximo ao que conhecemos nos dias atuais. A Quaresma é uma tradição religiosa que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. Ela corresponde a quarenta dias de jejum, penitência e privação que tem sua culminância na Semana Santa – que se inicia na celebração da entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, no domingo de ramos, e tem seu término com a ressurreição de Jesus Cristo, no domingo de páscoa.
Em geral, o Carnaval tem a duração de quatro dias que antecedem à Quarta-feira de Cinzas — sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda. Ele se caracteriza por festas, divertimentos públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas.
No Brasil a comemoração carnavalesca data do início da colonização. O carnaval foi chamado de Entrudo por influência dos portugueses da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde, que trouxeram a brincadeira de loucas correrias, mela-mela de farinha, água com limão, no ano de1723. Depois surgiram as batalhas de confetes e serpentinas.

O pintor francês Debret registrou imagens do Entrudo no Rio de Janeiro, muito semelhantes às cenas descritas na Enciclopédia Portuguesa- Brasileira.

"Pelas ruas generalizava-se uma verdadeira luta em que as armas eram os ovos de gema, ou suas cascas contendo farinha ou gesso, cartuchos de pós de goma, cabaças de cera com água de cheiro, tremoços, tubos de vidro ou de cartão para soprar com violência, milho e feijão que se despejavam aos alqueires sobre as cabeças dos transeuntes. Havia ainda as luvas com areia destinadas a cair de chofre sobre os chapéus altos ou de coco dos passantes pouco previdentes e até se jogava entrudo com laranjas, tangerinas e mesmo com pastéis de nata ou outros bolos. Em vários bairros atiravam-se à rua, ou de janela para janela, púcaros e tachos de barro e almoedares. já em desuso, como depois se fez também no último dia do ano, no intuito de acabar com tudo de velho que haja em casa. Também se usaram nos velhos entrudos portugueses a vassourada e as bordoadas com colheres de pau etc.”
Em 1840, foi realizado o primeiro Baile de Carnaval. Uma tradicional loja de máscaras importou máscaras, bigodes e barbas postiços para auxiliar na confecção das fantasias. Em 1852, surgiu o Zé Pereira, conjunto de bumbos e tambores liderado pelo sapateiro José Nogueira de Azevedo Paredes, que percorria as ruas da cidade, animando o Carnaval. Em seguida, surgiram outros instrumentos, como cuícas, tamborins e pandeiros.

Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro.
Em 1855, surgiram os primeiros grandes clubes carnavalescos: as Grandes Sociedades. Com sua organização e seus carros alegóricos, foram os precursores do Carnaval organizado dos dias atuais. No final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos".

Em 1834, o gosto pelas máscaras se acentuou no país. De procedência francesa, eram confeccionadas em cera muito fina ou em papelão, simulando caras de animais, caretas, entre outros. As fantasias apareceram logo após o surgimento das máscaras, dando mais vida, charme e colorido ao carnaval, tanto nos salões quanto nas ruas.
Somente no início do século XX, foram acrescentados os elementos africanos, que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento e originalidade. A Casa da Tia Ciata foi um momento marcante para a inclusão do negro no carnaval do Rio de Janeiro. Partideira reconhecida cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas que se desdobravam por dias. Mulher de grande iniciativa e energia, ela fez da sua vida um trabalho constante transformou-se em uma líder de sua comunidade, ajudando na organização das jornadas de trabalho, na educação das crianças da região. Existe hoje na Praça Onze, no Rio de Janeiro, uma escola em sua homenagem.

 O carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Durante três décadas os desfiles de escolas de samba ocorreram de forma espontânea, só em 1963 foram construídas as primeiras arquibancadas, cujos lugares foram vendidos ao público, na Av. Presidente Vargas. Atualmente, o desfile constitui bem valioso e muito disputado. Além dos ingressos, também são vendidos os direitos de transmissão por rádio e televisão, CDs, etc.